terça-feira, 28 de julho de 2009

NÓS, OS IMPOSTOS E CRISE


NÓS, OS IMPOSTOS E CRISE


Definição de imposto
adjectivo
1.
tornado obrigatório por lei ou por determinação superior
nome masculino
ECONOMIA prestação unilateral exigida pelo Estado para fazer face às despesas públicas; tributo; taxa;

A cada dia que passa e a crise se agrava, vou vendo melhor este filme dos impostos. Ou melhor, ia, porque há já bastante tempo o vejo, mas só agora tento ordenar as ideias por escrito.
Ainda ontem, na costa de Lavos, Figueira da Foz, uma vendedora se queixava do que tem de pagar para trabalhar. Dos 5 euros que paga ao metro para montar a sua banca. E da fome que passa…
Ainda outro dia, outros dias, ouço tanta gente a queixar-se dos impostos e eu a pensar nas definições acima. Detesto que me imponham coisas.
Sempre detestei, mas a minha vida, que descobriu que tinha o coração à esquerda e o sangue vermelho, soube-me ensinar por essas vias que o imposto era um esforço colectivo de uma sociedade solidária. Então consegui arranjar um argumento para pagar.
Mas questiono-me. Será uma sociedade solidária a que IMPONHA o pagamento unilateral dos nossos rendimentos? No mundo da Utopia seria bem mais fácil discutir esta questão, mas não é isso que me traz a estas letras.
O que me traz aqui é para vos questionar e fazer pensar. A crise não é só económica, é uma crise de recursos (água, petróleo, comida…) que não é assumida por conveniências várias. E vejo há anos a crise a chegar, olhando por detrás da cortina de fumo criada pela sociedade do conforto. E vejo o Estado português, gerido por ladrões, a enfurecer-se na sua cruzada pelo dinheiro. Utilizando a máquina das Finanças, o objectivo de Teixeira dos Santos era o de arrecadar o máximo de milhões de euros possíveis. Em 2006, esse objectivo assumido publicamente era o de “reduzir o número de funcionários públicos” e o de “aumentar a competitividade fiscal”.
O primeiro, significa poupar para os ladrões e desemprego para nós. O segundo significou multas, perseguição aos devedores, multas, multas e multas… Concordo com o princípio de que toda a gente deva pagar impostos. Agora não consigo concordar com a realidade que é outra coisa bem diferente. E a realidade diz-me que não há justiça e que quem menos pode pagar mais sofre a repressão da máquina. E quem mais pode? O dinheiro afinal era para esses.
Há quase um ano, em Loures, mais um bairro social explode. Os tais que não podem pagar impostos, ou comida, às vezes. Os que construíram a Expo, a Ponte Vasco da Gama, etc e já não são necessários, foram desprezados. E claro que a violência explode se foi com violência que eles são tratados. Mas sobre esse bairro muito se falou. A direita racista vociferou acusações sobre segurança e o perigo que os imigrantes representam. Os sociólogos, especialistas em criminologia e outros tantos insensíveis viram nestas pessoas um caso de estudo e uma forma de aparecer na televisão a mandar bitaites. E no parlamento, alguém enfrentou o Primeiro-ministro e explicou-lhe que era preciso dinheiro para resolver estas questões sociais. E o gajo responde que estávamos em crise e que não havia dinheiro…
Depois, um mês depois, estalou a crise. Os bancos e as seguradoras a falir, a economia a cair, mas acredito que todos os ladrões estavam descansados. Havia dinheiro. Claro que havia, o dinheiro dos impostos que foi acima explicado servia para isso. Eles precaveram-se. E há-de continuar a haver. As formas que Eles arranjaram para nos roubar são muitas. Outro dia, espero, explicarei.
Para acabar: Impostos – Engodo que apela à nossa solidariedade para que poucos possam enriquecer.
A crise – consequência do modelo de sociedade que nos foi imposto.
Nós – pessoas que gostam de amar, enriquecer-se, trabalhar e viver com dignidade. Andam a pisar-nos e por isso faço minhas as palavras da vendedora da costa de Lavos: “Mais vale ser revolucionária!”

Enviado por: RIÇA

3 comentários:

VASCO disse...

Caro RIÇA

Agradeço o texto.Divulgue este blog.Isto dava um bom panfleto revolucionário.Pense nisso

Riça disse...

Meu caro, sem falsas modéstias acredito que sim, não pela qualidade do texto, mas porque qualquer suspiro de pensamentos ordenados sobre a nossa vida mereceria um panfleto...
Mas temos esperança, lembre-se que a esquerda em Portugal desperta. Já viu o Alberto João?? Está cheio de medo!!!
Um abraço revolucionário...

Anónimo disse...

Gostaria de ouvir soluções de quem tanto analisa o modelo que sociedade em que Portugal se insere. Que tipo de estratégia teria de ser aplicada neste país para que não ocorram este tipo de injustiças?
Na minha opinião, teremos de acabar com uma série de vicios/lobbies entranhados nesta sociedade, que até se encontram retratados em alguns textos publicados neste blog e provavelmente noutros... MAS COMO???